Há 10 anos, inclusão é um assunto prioritário na PwC (PricewaterhouseCoopers), que tem se empenhado para que a necessidade de um programa de diversidade deixe de existir no futuro próximo. A empresa vem se dedicando a abrir portas e, mais que isso, tornar o ambiente de trabalho um local de acolhimento para o profissional LGBT. Afinal, ele precisa se sentir confortável para ser quem é, sem medo de sofrer discriminação. Essa é a meta, segundo Eduardo Machado, gerente sênior da consultoria tributária da PwC Brasil.
Ele é um dos integrantes do Comitê LGBTI, chamado Glee (gays, lésbicas and everyone else), que foi estruturado em 2017; o nome já é adotado em todos os escritórios da PwC no mundo, então, o Brasil preferiu manter para ter sinergia, força e engajamento. Antes disso, existia um Comitê da Diversidade, dedicado a todas às questões que merecem atenção, como mulheres, deficientes, LGBTI, raça, cultura etc.
Leia também:
> Fórum reúne empresas que fomentam direitos LGBTI+ no mercado de trabalho
> Mulheres recebem o mesmo tratamento que os homens no mercado de trabalho?
A mudança começa no RH
Em 2013, o RH da PwC reviu as políticas para estender os benefícios concedidos a todos os colaboradores, independente da sua orientação sexual. Eduardo foi beneficiado quando se casou, em 2015, e até mesmo ganhou um presente da empresa, iniciativa essa dedicada a casais heterossexuais. Existem ainda diversas outras, como licença maternidade para casais após adoção e acesso ao plano de saúde.
“No dia da visibilidade Trans, celebrado em janeiro, enviamos um e-mail comentando que os colaboradores que estiverem planejando uma transição de gênero podem contar com o apoio da empresa em todas as etapas. Não tivemos respostas neste sentido ainda, mas estamos à disposição para ajudar com o que for preciso. Queremos profissionais felizes. Inclusive, conversamos com a empresa do plano de saúde para que possa incluir os atendimentos para estes casos e nos apoiem neste propósito”, conta.
Há uma pesquisa interna na empresa, utilizada para extrair informações sobre o clima organizacional, que, na última edição, incluiu uma pergunta sobre a orientação sexual, a qual os funcionários não eram obrigados a responder. Com aproximadamente 4 mil colaboradores e mais de 80% de respondentes, o resultado foi: 3,5% dos funcionários da PwC se intitularam como homossexuais e 3,5% preferiram não se manifestar.
No cenário nacional, esse número é bem maior. De acordo com o censo de 2010, existem no Brasil ao menos 67,4 mil casais formados por pessoas do mesmo sexo. A população homossexual no país é estimada em 20 milhões.
“Queremos deixar as pessoas livres para que elas optem entre declarar ou não sua orientação sexual. A empresa incluiu esta pergunta porque quer estar cada vez mais próxima, entender como pode melhorar para se tornar ainda mais inclusiva”, reforça Eduardo.
A importância de líderes envolvidos em uma causa
Recentemente, a empresa contratou uma transexual e o objetivo é continuar investindo em times mais diversos, que possam trocar experiências e conhecimentos, capazes de proporcionar uma visão mais estratégica. O otimismo de Eduardo está relacionado aos resultados já conquistados pelo programa e um dos fatores é ter o envolvimento do presidente da empresa, Fernando Alves.
“Ele é muito envolvido com o projeto, acompanha de perto e sua postura dá visibilidade para as iniciativas, além de reforçar que essa questão faz parte dos valores da empresa. Com isso, os executivos que ocupam posições de diretoria e gerência, além de terem comportamento alinhado com essas diretrizes, também atuam para ampliar o diálogo e evitar que haja qualquer tipo de discriminação”, comenta Eduardo Machado.
Inovar passa pela diversidade, mas precisa ter o diálogo como fio condutor
Na PwC, Eduardo Machado diz que os profissionais valorizam a diversidade, inclusive, fala que eles estão mais engajados com marcas e empresas que têm esse comportamento. A visão do executivo vai ao encontro de um levantamento realizado pela Randstad, o qual mostra que 87% dos profissionais no mundo valorizam a diversidade no ambiente de trabalho; no Brasil, esse número chega a 91%.
A PwC, assim como outras cerca de 50 empresas, é signatária do Fórum de Empresas e Direitos LGBTI, uma organização informal que reúne grandes companhias em torno do compromisso com o respeito e com a promoção dos direitos humanos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, e tem como objetivo influenciar o meio empresarial e a sociedade a respeito dessa temática.